Duas mulheres olhando para o celular

Conteúdo real para pessoas reais

Estamos vivendo uma era marcada por excesso de estímulos e déficit de atenção. Em meio a danças virais, influenciadores vendendo rotinas irreais, memes, trends e conteúdos de consumismo que se acumulam no feed, o público tem mostrado sinais claros de cansaço: a chamada “ressaca visual”. Mostrando a urgência de conteúdos mais humanos e conectados com a realidade das pessoas. 

Dados alertam: a atenção está se dissipando

Segundo um estudo da Microsoft realizado no Canadá, o tempo médio de atenção humana caiu de 12 segundos em 2000 para apenas 8 segundos em 2015. Mais recentemente, a pesquisadora Gloria Mark, em seu livro “Attention Span” (2023), revela que atualmente as pessoas conseguem manter o foco em uma tela por cerca de 47 segundos. Esse cenário de atenção fragmentada tem impactos profundos na forma como as pessoas consomem conteúdo e tomam decisões. Não é mais suficiente atrair pelo viral ou pelo volume: o público exige conexões mais profundas, representatividade real nas narrativas e, principalmente, conteúdo que respeite seu tempo, sua saúde mental e seu senso crítico.

Comunicar não é apenas entreter, mas sim informar, gerar identificação e relevância. O neurocientista Daniel J. Levitin aponta que hoje consumimos o equivalente a 175 jornais por dia em informação, um volume que sobrecarrega o cérebro e alimenta quadros de ansiedade, déficit de atenção e fadiga digital. Por isso, como comunicadores, temos o compromisso de ir além do ruído, entregando conteúdo com propósito. Nossos projetos precisam partir da escuta ativa e da construção conjunta de histórias que fazem sentido, conectam e respeitam o ritmo das pessoas.

Qualidade vs quantidade

Vemos que a produção de conteúdo eficaz precisa estar fundamentada na qualidade e, nesse cenário, a quantidade ocupa um papel secundário. A relevância do que se produz é o que realmente importa, pois o objetivo principal é gerar conexão entre o público e a pauta apresentada. Para despertar o sentimento de pertencimento, a comunicação precisa ser clara e respeitosa, tratando o espectador como um ser pensante, com repertório e senso crítico. A superficialidade já não prende mais: as pessoas buscam protagonismo, autenticidade e profundidade. E cabe a nós, comunicadores, responder a essa demanda com responsabilidade e intenção.

Cultura imediatista 

Vivemos imersos em uma cultura imediatista, que constantemente nos desvia do que realmente importa. O foco na rapidez e na quantidade tem gerado relações superficiais e um consumo de conteúdo raso, que pouco contribui para a construção de vínculos reais. Em contrapartida, a produção de conteúdo mais profundo (que estimula a reflexão e valoriza o pensamento crítico) tem se mostrado essencial para devolver ao público o senso de individualidade, protagonismo e pertencimento. Diante de um cenário de excesso e dispersão, a evolução passa, inevitavelmente, pela qualidade das conexões que construímos. E é justamente aí que a comunicação exerce seu papel mais transformador.

Mas como criar conteúdos reais para pessoas reais?

Na prática, criar conteúdos reais para pessoas reais significa valorizar o cotidiano e aquilo que aproxima. É quando uma marca escolhe ir além da estética e da performance e contar a história de um colaborador, ao invés de apenas divulgar números. É dar espaço para as dúvidas e opiniões do público, cocriando com ele, fazendo com que a comunicação seja circular, quebrando o formato antigo e engessado onde o foco era apenas entreter. A criação de conteúdos profundos promove a produção de sentidos e ressignificação, ao invés de empurrar discursos prontos. É priorizar formatos e linguagens acessíveis, que respeitam o tempo e as necessidades das pessoas, como vídeos objetivos (com legendas, legenda descritiva e/ou libras para que todos possam compreender), textos com profundidade e ações que geram troca. É trazer rostos diversos, linguagens autênticas e pautas que dialogam com a vida real, e não apenas com o algoritmo. Nem toda trend precisa ser seguida, nem todo meme é compatível com todos os negócios.

Na Damasco, acreditamos que comunicar bem é, antes de tudo, escutar. É entender que por trás de cada clique há uma pessoa com repertório, sentimentos e expectativas. É por isso que nossa atuação vai além da estética ou do alcance: criamos pontes, não só publicações. Porque, em tempos de dispersão, o conteúdo mais precioso é aquele que cria conexão.

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